. Sintaxe à Vontade .

.  Sintaxe à Vontade  .

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Finalizando .

[...]


Ela X Ele na Cidade sem fim


Ela não tem preço
Nem vontade
Ela não tem culpa
Nem falsidade
Ela não sabe me amar
Ela não tem jogo
Nem saudade
Ela não tem fogo
Nem muita idade
Ela não sabe me amar
Ela não saberá

Coisa de amor
De irmão
Que ela insiste e que me dá
Toda vez que eu tento
Ela sofre
Poderia ser medo
Mas como é possível?

Mas então seu amor não é meu
Nem eu o seu
Pois então que será minha amada
Amadora?

Ele não tem preço
Nem vontade
Ele não tem culpa
Nem falsidade
Ele não sabe me amar
Ele não tem jogo
Nem saudade
Ele não tem fogo
Nem muita idade
Ele não sabe me amar
Ele não saberá

Mas então seu amor não é meu
Nem eu o seu
Pois então que será meu amado
Amador?

Se eles não têm pose
Nem maldade
Eles não têm culpa
Nessa cidade
Eles não sabem amar
Coisas da vida ...




E como ela disse:

Pra terminar, dizer que o amor chegou ao fim
Esqueça de me perguntar se ainda há amor em mim!



quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Olhai o sinal: ficou verde!


Perto de você dentro da tua história, eu carrego as paisagens e as miragens do além ... Digo que quebro as telhas da nossa grande construção pra durmir na amplidão (.............)

E o sol rodando vermelho ... e o sol pregado no azul ... e o sol rodando no céu ... e o sol suspenso no ar!... ar????????

Eu sou um louco de Deus, Eu sou um servo dos loucos de Deus! No fundo dos olhos, na alma do corpo, No Fogo! Fogo!








ohu, é só saudade de um momento bom de um passado recente ruim!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Dói ou alegra?

"Vago, longínquo mudo. Um instante ... acabou-se. E não podia saber se depois desse tempo vivido viria uma continuação ou uma renovação ou nada, como uma barreira. Ninguém dependia que ela fizesse exatamente o contrário de qualquer das coisas que fosse fazer: ninguém, nada ... não era obrigada a seguir o próprio começo. Doía ou alegrava? No entanto sentia que essa estranha liberdade que fora sua maldição, que nunca ligara nem a si própria, essa liberdade era o que iluminava sua matéria. E sabia que daí vinha sua vida e seus momentos de glória e
daí vinha a criação de cada instante futuro."

Estranho pensar que tudo o que penso já foi pensado, dito ou escrito por alguém. Há a necessidade de ser original, único. De onde vem a necessidade eu não sei dizer. Ela disse que não sou obrigada a seguir o próprio começo. Não sei se isso me faz bem ou me entristece. Fala da maldição da liberdade. Da liberdade intriseca a maldição. Há tempo ando pensando se todo esse tempo vivo continuação ou renovação ou nada. Você disse tudo, minha cara!
disse tudo.

Bom, na verdade é que depois de ter começado a ler suas obras, acabei por justificar quase todas as minhas ações. E isso não seria uma coisa ruim. Não é. Aprendi que, se eu não sei explicar uma determinada coisa, não tenho necessidade de explicá-la: ao explicar o que sei, corro um sério risco de minhas palavras serem mal compreendidas, ou mal explicadas. E explicar o que nem sei? explicar o que fujo? explicar o porquê da não explicação?
Calo-me ... deixo vago, longíquo mudo ...

Se uma coisa eu aprendi agora foi que simplificar demais a vida, no sentido de não complicar mesmo, é prejudicial a mim. Parece paradoxal, na verdade é. Ou eu não nasci para esse mundo ou esse mundo não nasceu para mim ou nehuma das duas coisas ...
Não fico com nenhuma das hipóteses ... deixa o verão para mais tarde ... por enquanto. Dói ou alegra?



"Vejo em alguns olhos sinceridade.
Sinto que os meus são espelho.
Mas ontem notei que os meus não foram verdadeiros.
Tentei me explicar um porquê.
Depois de muito, notei que os meus foram reflexo.
Ou fomos verdadeiramente cegos ou estupidamente sinceros.
Mas mesmo assim sonhei que necessitava dos seus olhos ... "

quarta-feira, 17 de outubro de 2007


Que terminaria uma vez a longa gestação da infância e de sua dolorosa imaturidade rebentaria seu próprio ser, enfim, enfim livre! Não, não, nenhum Deus, quero estar só. E um dia virá, sim, um dia virá em mim a capacidade tão vermelha e afirmativa quanto clara e suave, um dia o que eu fizer será cegamente seguramente inconscientemente, pisando em mim, na minha verdade, tão integralmente lançada no que fizer que serei incapaz de falar, sobretudo um dia virá em que todo o meu movimento será criação, nascimento, eu romperei todos os nãos que existem dentro de mim, provarei a mim mesma que nada há de temer, que tudo o que eu for será sempre onde haja uma mulher com meu princípio, erguerei dentro de mim o que sou um dia, a um gesto meu minhas vagas se levantarão poderosas, água pura submergindo a dúvida, a consciência, eu serei forte como a alma de um animal e quando eu falar serão palavras não pensadas e lentas, não levemente sentidas, não cheias de vontade de humanidade, não o passado corroendo o futuro! O que eu disser soará fatal e inteiro! Não haverá nenhum espaço dentro de mim para eu saber que existe o tempo, os homens, as dimensões, não haverá nenhum espaço dentro de mim para notar sequer que estarei criando instante por instante, não instante por instante: sempre fundido, por que então viverei, só então viverei maior do que na infância, serei brutal e mal feito como uma pedra, serei leve e vaga como o que se sente e não se entende, me ultrapassarei em ondas, ah, Deus, e que tudo venha e caia sobre mim, até a incompreensão de mim mesma em certos momentos brancos porque basta me cumprir e então nada impedirá meu caminho até a morte-sem-medo, de qualquer luta ou descanso me levantarei forte e bela como um cavalo novo.


Muito "Perto do Coração Selvagem..."

sábado, 6 de outubro de 2007

. levei um copo dágua para dormir .

No quarto, já despida sobre a cama, não conseguia adormecer. Seu corpo existia além dela mesmo como um estranho. Sentia-o palpitante, aceso. Fechou a luz e os olhos, tentou fugir, dormir. Mas continuou por longas horas a perscrutar-se, a vigiar o sangue que se arrastava grosso pelas suas veias como um animal bêbado. E a pensar. Como não se conhecia até então. Aquelas formas finas e ligeiras, aquelas linhas delicadas de adolescente. Abriam-se, respiravam sufocadas e cheias de si mesmas até o limite.
[...]
Acordou tarde e alegre. Cada célula, imaginava, abrira-se florescente. Milagrosamente todas as energias despertas, prontas para lutar.
[...]
E foi tão corpo que foi puro espírito. Atravessava os acontecimentos e as horas imaterial, esgueirando-se entre eles com a leveza de um instante. Mas se alimentava e seu sono era fino como véu. Acordava muitas vezes durante a noite, sem susto, preparando-se antes de pensar para sorrir. Adormecia de novo sem mudar de posição, apenas cerrando os olhos. Procurou-se muito no espelho, amando-se sem vaidade. A pele serena, os lábios vivos faziam-na quase tímida voltar as costas para sua imagem, sem força para sustentar seu olhar contra o daquela mulher, fresco e úmido, tão brandamente claro e seguro. Depois cessou a felicidade.
[...]
Respirava mal como se dentro dela não houvesse lugar para o ar. Caminhou de um lado para o outro, perplexa com a mudança. Como? – perguntava-se e sentia que estava sendo ingênua, aquilo tinha dois lados? Sofrer pelo mesmo motivo que a tornava terrivelmente feliz?

Carregou consigo o corpo doente, um ferido incômodo, durante os dias. A leveza fora substituída por miséria e cansaço. Saciada – um animal que matara sua sede inundando seu corpo dágua. Mas ansiosa e infeliz como se pesar de tudo restassem terras ainda não molhadas, áridas e sedentas. Sofreu sobretudo de incompreensão, sozinha, atônita. Até que encostando a testa no vidro da janela – rua quieta, a tarde caindo, o mundo lá fora -, sentiu o rosto molhado. Chorou livremente, como se esta fosse a solução. As lágrimas corriam grossas, sem que ela contraísse um só músculo da face. Chorou tanto que não soube contar. Sentiu-se depois como se tivesse voltado às suas verdadeiras proporções, miúda, murcha, humilde. Serenamente vazia. Estava pronta.


Problemas para dormir, HistOrieta?

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

(ante)mão!

O teto era branco, o teto era branco. Até seus ombros que ela sempre considerava tão distantes de sí mesma, palpitavam vivos, trêmulos. Quem era ela? A víbora. Sim, sim, para onde fugir? Não se sentia fraca, mas pelo contrário possuída de um ardor pouco comum, misturado a certa alegria, sombria e violenta. Estou sofrendo, pensou de repente e surpreendeu-se. Estou sofrendo, dizia-lhe uma consciência a parte. E subitamente esse outro ser agigantou-se e tomou o lugar do que sofria. Nada acontecia se ela continuava a esperar o que ia acontecer ... Podiam-se parar os acontecimentos e bater vazia como os segundos, vigiando-se atenta, perscrutando a volta da dor. Não, não a queria! E como para deter-se cheia de fogo, esbofeteou a próprio rosto.

. Ocorrerá Clarisses até o final do dia, do mês, do ano, da vida? Ocorrerão Clarisses .

terça-feira, 2 de outubro de 2007

(in) descritível

... Sede, sede profunda e velha. Talvez fosse apenas a falta de vida: estava vivendo menos do que podia e imaginava que sua sede pedisse inundações. Talvez apenas alguns goles ... Ah, eis uma lição, diria a tia: nunca ir adiante, nunca roubar antes de saber se o que você quer roubar existe em alguma parte honestamente reservado para você. Ou não? Roubar torna tudo mais valioso.
O gosto do mal-mastigar vermelho, engolir fogo adocicado.


Não acusa-me. Busca a base do egoísmo: tudo que não sou não pode me interessar, há possibilidade de ser além do que se é-no entanto eu me ultrapasso mesmo sem o delírio, sou mais do que sou normalmente-; tenho um corpo e tudo o que eu fizer é continuação de meu começo; se a civilização dos Maias não me interessa é porque nada tenho dentro de mim que se possa unir aos seus baixos relevos; aceito tudo o que vem de mim porque não tenho conhecimento das causas e é possível que esteja pisando no vital sem saber; é essa a minha maior humildade, adivinhava ela.
O pior é que ela poderia riscar tudo o que pensara.

Seus pensamentos eram, depois de erguidos, estátuas no jardim e ela passava pelo jardim olhando e seguindo o seu caminho.

Fica assim:
Eu com a minha sede; a espera de um mar ou de um copo.
Com a minha tentativa frustada de tentar dizer. Não é porque não tenho as causas, não é porque posso estar "pisando no vital".
Seria porque despertei a minha existência, como não quer acreditar que despertei?

Ah! Quero mais é engolir o fogo adocicado...

... porque não?!


segunda-feira, 1 de outubro de 2007

(re)conhecendo

É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só as exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Ou pelo menos o que me faz agir não é o que eu sinto mas o que eu digo. Sinto quem sou e a impressão está alojada na parte alta do cérebro, nos lábios-na língua principalmente-, na superfície dos braços e também correndo dentro, bem dentro do meu corpo, mas onde, onde mesmo, eu não sei dizer. O gosto é cinzento, um poço avermelhado, nos pedaços velhos um pouco azulado, e move-se como gelatina, vagarosamente. As vezes torna-se agudo e me fere, chocando-se comigo. Muito bem, agora pensar no céu azul, por exemplo. Mas sobretudo donde vem essa certeza de estar vivendo? Não, não passo bem. Pois ninguém se faz essas perguntas e eu...Mas é que basta silenciar para só enxergar, abaixo de todas as realidades, a única irredutível, a da existência. E abaixo de todas as dúvidas-o estudo cromático-sei que tudo é perfeito, porque seguiu de escala a escala o caminho fatal em relação a si mesmo. Nada escapa a perfeição das coisas, é essa a História de tudo.

Estou cansada agora agudamente! Vamos chorar juntos, baixinho. Por ter sofrido e continuar tão docemente. A dor cansada numa lágrima simplificada. Mas agora já é desejo de poesia, isso eu confesso, Deus. Durmamos de mãos dadas. O mundo rola e em alguma parte há cassas que não conheço. Durmamos sobre Deus e o Mistério, nave quieta e frágil flutuando sobre o mar, eis o sono.

Por que ela estava tão ardente e leve, como o que vem do fogão que se destampa?

O dia tinha sido igual aos outros e talvez daí viesse o acúmulo da vida.


Obrigada C.L., por emprestar essas preciosidades. Não saberia expressar melhor que você, tudo isso aqui, que está preso.
Obrigada por me acompanhar esses dias.
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